quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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Sentir a dor do outro é identificação; é falta de ego distônico; é ego sintônico. É dinâmica adoecida que não ajuda nem à própria pessoa, nem a quem se deseja ajudar. Não se deve confundir a noção de solidariedade ou compaixão com isso. São coisas diferentes: a compaixão é necessária, a solidariedade também, claro. Mas essas coisas podem ser vivenciadas sem um “misturar-se” ao outro. Deve-se sempre separar o que é nosso do que é do outro; olhar para o outro em dificuldade ou em sofrimento com o ego distônico, isto é, sem entrar no sofrimento do outro, olhar de fora. Senão, a pessoa que está tentando ajudar também se fragiliza e perde condições de acolher ou socorrer o outro. Um exemplo concreto: quando um filho se machuca, é claro que a mãe amorosa vai acorrer ao filho para ajudá-lo porque o ama e não o quer sofrendo. Imagine se, em vez de manter-se forte e no papel de mãe, ela se desmancha em choro e sofrimento e sente nela a dor do filho a ponto de perder a ação? Coitada da criança. A mãe equilibrada, ao contrário disso, vai continuar no lugar dela, de mãe da criança, outro ser ligado àquele que se machucou, mas separando-se dele a ponto de manter o equilíbrio para ter condições de socorrer o filho. As pessoas me perguntam sempre como nós terapeutas conseguimos lidar com tanto sofrimento sem se abalar. Digo sempre que é uma das primeiras coisas que aprendemos na formação em Psicologia Clínica: separar os conteúdos dos pacientes dos nossos. Evidentemente que o recurso não é a indiferença: sentimos compaixão pelo sofrer do paciente, nos solidarizamos com ele e o acolhemos, mas a dor dele continuará, em terapia como no dia a dia, sendo dele e de mais ninguém. Se nos misturássemos aos pacientes, adoeceríamos junto e não conseguiríamos atender mais ninguém . Aconselho as pessoas com movimento ou atuação de “ajudadoras” a pensarem nisso e a adotarem essa dinâmica. Para o bem de todos. Até porque, cada dor, cada sofrimento encerra em si uma oportunidade de aprendizado muito individual, é uma lição muito direcionada. Então ninguém pode tomar para si um sofrimento que, no outro, tem um propósito específico. Acolher, socorrer, solidarizar-se não exige um misturar-se ao outro.

Sabe do que mais parei por aqui, sentir a dor do outro me mata um pouco por dentro...

Estudo indica que algumas pessoas podem sentir a dor dos outros


Se você acha que pode sentir a dor física de outra pessoa, você pode estar certo. Recentemente publicado na revista científica Pain, um estudo que utilizou ressonância magnética funcional para observar imagens cerebrais mostra que algumas pessoas podem ter verdadeiras reações físicas a lesões de outras pessoas. Os testes mostraram que pessoas que dizem sentir as dores dos outros apresentam maior atividade em regiões do cérebro associadas às sensações de dor ao observar uma pessoa sendo ferida.

De acordo com os autores, os resultados podem ter sérias implicações para o entendimento, e possível tratamento, de casos inexplicáveis de dores "funcionais". "Pacientes com dor funcional experimentam a dor na falta de uma doença óbvia ou lesão para explicar sua dor", explicou o pesquisador Stuart W. G. Derbyshire, da Universidade de Birmingham, no Reino Unido. "Consequentemente, há considerável esforço para revelar outras formas na quais a dor pode ser gerada", acrescentou.

No estudo, os pesquisadores submeteram 108 estudantes universitários a diversas imagens de situações dolorosas – incluindo atletas sofrendo lesões e pacientes recebendo injeções. E cerca de um terço dos participantes relatou que, pelo menos em uma imagem, sentiu não apenas reação emocional, mas também dor temporária no mesmo local mostrado pela imagem.

Em testes com a ressonância magnética funcional em 10 voluntários que relataram a dor e 10 que não relataram essa reação, os pesquisadores notaram que, enquanto viam imagens dolorosas, os dois grupos apresentavam atividade em centros emocionas do cérebro. Mas aqueles que relataram a dor tiveram maior atividade cerebral em regiões cerebrais associadas à dor, comparados com o outro grupo. "Acreditamos que isso confirma que pelo menos algumas pessoas têm uma reação física ao observar outros sendo feridos ou expressando dor", concluíram os autores.



fonte: http://www.universitario.com.br/noticias/noticias_noticia.php?id_noticia=9588

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